Estilo de vida (PARTE1) : A gente é o que come?


Oi gente!
Como já disse aqui no blog tenho passado por um processo de intensa transformação e, até mesmo por isso precisei de um novo espaço virtual para chamar de meu. Hoje começa uma série que envolve essas mudanças minhas, apenas com o intuito de partilhar algumas reflexões que estão me levando a algumas mudanças. 
Como dá pra notar, vou começar pela alimentação. Quem me conhece e acompanha pelo Instagram pode se questionar se eu como ou não carne. Algumas pessoas já me perguntaram muito isso e já até me identificaram como sendo vegetariana sem ao menos ter me escutado sobre assunto. E como está em alta falar sobre "vida saudável" e alimentação vegetariana/vegana quis trazer um pouco da minha história.

   Primeiramente, não sou vegetariana. Embora, tenha deixado de comer carne vermelha e aves eu ainda como peixe. Por tanto, vocês nunca me viram ou verão dizer "sou vegetariana" ou até mesmo "não me considero vegetariana", por que eu realmente não sou.  Posso até vir a ser um dia, afinal já iniciei um processo de desapego a carne, mas por ora ainda não estabeleci o vegetarianismo tampouco ou veganismo como uma meta de vida. E vou explicar o porquê.
    Antes de decidi deixar de comer carne vermelha e aves, era final de 2014 e eu estava começando a ter alguns problemas de saúde como tonturas e dores fortes de cabeças. Então, fui a um médico,  um senhorzinho homeopata que me perguntou um monte de coisas sobre a minha alimentação. E ele me indicou que eu diminuísse a quantidade de alimentos cítricos e carne, pelo menos a carne vermelha. Aliás, um ponto importante sobre mim é que eu sempre comi muita carne, não só por costume e cultura não, eu sempre fui muito carnívora mesmo, sempre tive muito prazer em comer carne. Então sem perceber eu consumia muita carne ao longo do meu dia- na verdade era praticamente o dia todo, por que até os salgados que eu comia na faculdade pela manhã tinham carne. Pedir para eu diminuir a carne me chamou a  atenção para como eu podia estar exagerando. Foi aí que eu fiz minha primeira experiência de não comer carne e durante duas semanas eu não comi nenhuma carne vermelha e comi um pouco de frango. E nossa! A diferença foi instantânea e as tonturas e dores reduziram a 0 mesmo. 
   Depois desse episódio aos poucos eu fui voltando a comer carne. Mas, não era mais a mesma coisa eu já vinha aos poucos questionando por que eu me alimentava da maneira como eu me alimentava. Por que eu comia carne? Por que eu não investia tantos nos alimentos frescos e mais saudáveis, quanto nos pratos carnívoros? E eu que tenho um botão interno ligado constantemente na "autoanálise" comecei a ficar inquieta com essas perguntas. E novamente, meu espírito livre começou a sentir sentir incomodado com a ideia de estar presa ao consumo da carne. E a percepção de que eu podia estar "me prendendo a algo" simplesmente me angustiava.
   Então comecei a pensar, por que não tentar me alimentar sem elas? Por que não experimentar uma alimentação diferente da que eu venho tendo? Eu já sabia que eu teria problemas para abandonar o peixe, mas na minha família é muito forte o consumo de frutos do mar, deve ser legado do meu avô pescador. Mas, a essa altura eu já estava mais apegada ao consumo da carne do que propriamente comendo com o prazer que sempre tive. E apego, meus caros, nunca foi meu forte. Só de pensar que estou me apegando a algo eu já quero em desfazer para provar a minha mesma que eu não depende de "nada", que eu não posso ser refém dos meus próprios costumes que ainda são imperfeitos e longe de serem os mais saudáveis. 
   E foi assim, em meio a tantos questionamentos mais existenciais do que alimentício que eu decidi que ao virar o ano eu deixaria de comer as carnes vermelhas e as aves, até por que gosto de simbolismos e grandes mudanças merecem grandes términos e inícios de ciclo. Foi tudo silencioso por fora, mas extremamente barulhento por dentro, por causa dos questionamentos e angustias. Ninguém soube que eu estava pensando em mudar a alimentação, não contei a ninguém simplesmente por que era algo intimamente meu, ia mudar a minha vida e só dizia respeito a mim. Sendo assim, eu decidi, eu mudei. Movida pelo desejo de desafiar a mim mesma e comprovar que eu tinha o controle da minha alimentação, que eu era mais forte que o desejo e o costume de comer carne vermelha e de aves, então mudei. Na época, estava viajando na virada de ano de 2014 para 2015 e quando acordei no dia 1º de janeiro eu já acordei dizendo "não obrigada" quando me ofereciam aquelas carnes.
   Eu costumo dizer que desde então não comer essas carnes é uma decisão minha. Todos os dias eu decido não comer carne. E mesmo tendo passado 2 anos sem elas, e até mesmo o peixe eu já reduzi absurdamente, eu tenho no meu corpo registrado o prazer que eu sentia ao comer carne. Como eu não cheguei a essa decisão movida pelo emocional relacionado a vida dos animais- que, inclusive, posso e desejo falar disso num próximo post dessa série- eu não desenvolvi aversão a carne, nem nojo, nem dor/pena quando vejo um prato com esses animais. Mas, inevitavelmente tenho desenvolvido cada vez mais compaixão por eles e por todos nós, animais seres humanos. Até por isso, muitas das vezes eu busco pratos sem carne e me aventuro a conhecer os pratos sem vestígios nenhum de animais.

Dessa maneira, naturalmente fui levada a uma vida mais saudável em que explorei ainda mais meu paladar, que na verdade nem era muito restrito. Eu apenas o limitava pelo comodismo de comer o que eu já sabia que gostava. Como eu já comia muito bem muitos outros alimentos não carnívoros, com a mudança eu só passei a querer experimentar ainda mais legumes novos, folhas novas, sementes novas, leites novos... E a ideia de expansão, de novos sabores e experiência alimentares me agrada muito até hoje. Sendo esse o sentimento que eu procuro alimentar todos os dias para ter o desejo de decidir pela não ingestão de carnes vermelhas e das aves.
   Nesse processo de autoconhecimento dentro da minha alimentação e ouvindo história de outras pessoas vegetarianas/veganas/carnívoras eu fui descobrindo que para mim é realmente uma decisão diária. Meu corpo se mostrou ser um pouco resistente a deixar de comer as carnes mais pesadas. Mas, como eu entrei numa busca pela purificação e fortalecimento da mente, é ela que não deixa meu corpo sucumbir. A cada dia eu decido "hoje eu não quero comer essas carnes". Pois, para mim eu ainda tenho muito a conhecer a aprender sobre mim mesma e sobre a própria vida nesse processo. Afinal, o que seria se alimentar de vida, ou de morte? Há muitas sutilezas a se descobrir e viver nesse processo.
E isso é uma coisa muito importante: cada corpo é um corpo, cada organismo tem uma necessidade diferente de alimentação, por mais que haja uma base em comum. Uns já nascerão desapegados a carne e inclusive com rejeição a elas desde pequeno. Outros podem ainda ser muito apegados a carne, como eu era. E isso não faz de ninguém mais ou menos "evoluído. Afinal não somos uma coisa só, não somos apenas os bonzinhos que temos "pena" dos animais, até por que pena nem é um sentimento legal - posso falar disso num outro momento também. Somos seres complexos cheios de faces e qualidades positivas e negativas. Não nos deixemos iludir por uma hierarquia imaginária de "pecados", como aquelas pessoas que julgam os outros e na verdade agem como se o pecado do outro fosse maior que o delas. Não queiramos ser essas pessoas.
Por fim, felizmente se estamos nessa terra aqui todos ainda temos muito o que aprender, estamos todos no mesmo grande e "elipse" barco, vulgo planeta Terra. Tenhamos alegria pelos nossos avanços, mas não nos julguemos nunca superiores que ninguém por causa deles. Se somos seres livres busquemos uma alimentação que nos liberte e não nos aprisione. Mas, isso é um processo de muita autoanálise e autoconhecimento para sabermos o que de fato nos aprisiona e o que nos liberta, ou pode vir a nos libertar. E é somente por isso que eu tenho investido tanto nessa mudança. Eu quero saber o que tem depois do desapego, da transformação do paladar, da mente e do corpo. Mas, por hoje eu já me sinto bem mais leve e mais forte.
Se eu sou o que eu como, eu quero comer mais cores, mais amor e mais liberdade. E assim vou decidindo até desejar ser outras coisas. Se alimentar é mais que comer, ou o que comer. É sobre pensar o quanto da nossa personalidade, valores, cultura e até mesmo fé estão cabendo no nosso prato.

                                                                                      ***
Eu quis partilhar um pouco da minha história, pois vejo que esse é um assunto cada vez mais "em alta". Entretanto não vejo muita consistência nas discussões sobre esse tema, me parece tudo meio superficial de mais, longe das diferenças humanas, sociais e de fé mesmo. Acredito que cada um tem sua experiência e sua sabedorias e o crescimento só vêm se conseguimos trocar sobre elas. E é por isso que pensei em iniciar esse debate aqui no blog, mas para continuar eu preciso do retorno de vocês. A caixinha de comentários está mais que aberta para eu conhecer vocês (e vocês a mim). Comentem, para eu saber se essa série pode dar certo e o que mais vocês querem ler/colocar/trocar.
Beijos :)

Comentários

  1. Poxa, Bárbara, que texto massa! Vou te dizer, eu acho muito interessante quando vejo um texto sobre esse assunto escrito dessa forma feito o teu, sem querer convencer o leitor, só contando a sua experiência. Tem textos sobre isso que eu leio e me fazem sentir inferior porque ainda consumo carnes... não sei, me sinto meio assim quando leio algumas coisas sobre o tema. Eu gosto bastante de comer vegetais, mas, como você era, eu tenho ainda muito prazer em comer carne. Tenho prazer em cozinhar também e não gosto apenas das partes nobres, gosto de várias partes. Então pra mim ainda faria muita falta parar de comer carne e eu confesso que não tenho muito autocontrole. Mas estou tentando passar um dia da semana sem carne e nos outros dias diminuir as porções, sabe? Acho que isso eu posso fazer sem sofrer e quem sabe com o tempo eu não me acostume com cada vez menos carne, né?

    Eu acho que seria interessante você falar um pouco sobre sua rotina de alimentação e como você substituiu a proteína do seu prato. Eu gostaria de ler isso. E gosto de receitas também, se você tiver alguma legal. Eu adoro testar coisas novas hahahaha

    Um beijo grande!
    www.heeeymaria.blogspot.com.br

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    1. Obrigada pela contribuição, Ray! Eu escrevi esse texto pensando nas coisas que me afastavam dos textos que falam sobre esse assunto de alimentação e vegetarianismo/veganismo. E busquei construir um texto como eu gostaria de ler um texto desse, como eu me sentiria acolhida e aproximada do assunto, sem julgamentos ou imposições. Afinal, já tem tanta briga de ego por aí, que por que vou atrapalhar uma discussão que pode ser muito proveitosa, como alimentação, só por que no fundo no fundo eu quero que o outro aceite que eu estou certo e se assuma estar errado?
      Quanto a cozinha, eu confesso que é a parte que menos gosto de ser "dona de casa". haha
      Mas, justamente pela mudança alimentar eu já mudei muito minha relação com a cozinha, eu sou muito mais reflexiva e gosto de trazer experiências e questionamentos para construir algo junto. Gostei da sua ideia, posso trazer isso num outro tópico sobre alimentação: como mudei minha relação com a cozinha e se pá trago uma receitinha para me desafiar e partilhar algo "diferente".
      Meu blog está sempre de portas abertas!
      Beijos!!

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  2. Oi Barbara!
    Que legal seu post! Também estou nessa transição alimentar e apesar de não me titular ainda como vegetariana, eu não tenho comido nenhum tipo de carne.
    Acho que essa questão de alimentação é bem difícil as vezes, mas aos poucos da para ir mudando e se adaptando ao que consideramos ser melhor pra gente.
    Adorei seu blog! Parabéns pelo trabalho!
    Beijos


    http://garotaaoquadrado.com/

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    1. Realmente Anne, mudar de alimentação não é nada fácil e cada um tem um caminho particular de transformar o que deseja ser transformado. Mas, acredito que com respeito ao nosso organismo e sensibilidade para percebermos o que de fato queremos e podemos mudar conseguiremos assim ir cada vez mais longe!
      Muito obrigada pela contribuição! Estou recomeçando do zero, ainda tenho muito a fazer. Mas, fico muito feliz com suas palavras!
      Beijos!

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